"Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem...
O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
Quando a gente abre os olhos,
abrem-se as janelas do corpo,
e o mundo aparece refletido dentro da gente.

Aprendemos palavras para melhorar os olhos.
As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor".

(Rubem Alves)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Poema a Melquisedec

                                                               Foto: Margareth Muniz


Mel que se declama na Luz Divina
Purifica n’alma que pena
Santifica a luz com um raio de Sol
Na noite que se declina

Da Providência recebe a Luz Divina
Recebe-a toda que vem de cima
Arde em chama a alma humana
Brilha e ilumina a tu’ (a)chama.

Purifica e sobe ao que te espera
Venera àquele que te ensina
Traz a Luz de Mel que se decreta
E limpa a alma que é divina.

(Meu querido filósofo e poeta...
Rômulo Diniz)

A Natureza das coisas

                                                               Foto: Margareth Muniz

Se avexe não

Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada

Se avexe não

A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas

Se avexe não

Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa

Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa
Se avexe não

Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexorávelmente chega lá

Se avexe não

Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar
(Acioli Neto)

O Cântico da Terra

                                                               Foto: Margareth Muniz


Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

(Cora Coralina)

Meu Epitáfio

                                                       Foto: Margareth Muniz


Morta... serei árvore,
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.

Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

(Cora Coralina)

Recomeça

                                                               Foto: Margareth Muniz


Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.

(Cora Coralina)