"Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem...
O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
Quando a gente abre os olhos,
abrem-se as janelas do corpo,
e o mundo aparece refletido dentro da gente.

Aprendemos palavras para melhorar os olhos.
As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor".

(Rubem Alves)

quarta-feira, 28 de março de 2012

O ato de ver

                                                                                         Foto: Margareth Muniz




Ver é muito complicado. 
Isso é estranho porque os olhos, 
de todos os órgãos dos sentidos, 
são os de mais fácil compreensão científica. 
A sua física é idêntica à física ótica de uma máquina fotográfica:
o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro.
Mas existe algo na visão que não pertence à física. 
William Blake sabia disso é afirmou: 
“A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”.
Sei isso por experiência própria. 
Quando vejo os ipês floridos sinto-me como Moisés, 
diante da sarça ardente: 
ali está uma epifania do sagrado. 
Mas uma mulher que vivia perto da minha casa 
decretou a morte de um ipê que florescia à frente de usa casa,
porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura.
Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.



(Rubem Alves)

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